sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Preconceito contra autista dentro da própria Família, uma triste realidade - (Daniela Bolzan)

Olá caros amigos seguidores.
Primeiramente peço desculpas pela demora para colocar posts. Agora o blog voltará a ser atualizado diariamente...
Vou reiniciar este nosso contato com um assunto que tem chamado muito minha atenção. É sobre as crianças autistas e o preconceito que as pessoas insistem em colocar em prática.
Conheci uma mãe (vou citar nomes fictícios),  Giovanna  que desconfiou  algo diferente em seu filho quando completava 1 ano e meio de vida. Ela me relatou que todos sempre, desde o nascimento de Rafael a trataram com amor, adoravam seu filho, o mimavam e sempre tentavam uma maneira de se aproximar dele. Ela me disse que todos achavam estranho ele não falar nenhuma palavra e não manter contato visual com outras pessoas, era muito nervoso, mas feliz da maneira dele. Se interessava muito por objetos redondos e giratórios, seus familiares não percebiam muito, mas achavam estranho ele não falar nada e não compreender as coisas.
Giovanna preocupada com a situação, procurou um médico, um psiquiatra infantil.
Chegando na consulta, ela disse ao médico como era Rafael, como se comportava e a maneira que ele interagia com as pessoas e crianças de sua idade, informou o médico também sobre a maneira que ele se alimentava, a seleção de alimentos e a fixação por rodas de carrinho. Para surpresa de Giovanna o médico a olhou e disse que o que Rafael apresentava era sintoma de Autismo. Giovanna saiu do consultório arrasada, não imaginava que seu filho era especial, ela não se conformava, pois seu filho tinha aparência de uma criança sem nenhum problema. Foram momentos difíceis.
Chegando em casa procurou seu esposo Gian para contar como tinha sido a consulta, sentaram-se no sofá e ela contou a ele, que para sua surpresa reagiu de uma forma muito triste, ele dizia que era culpa dela por Rafael ser uma criança especial, que isso não podia estar acontecendo, e por fim disse que era para ela se virar com Rafael, pois ele tinha a vida dele e não ia sair por aí mostrando aos amigos um filho com problema mental. Foi muito triste, ela chorou muito e ficava se questionando em seu interior como poderia ter acontecido tal barbaridade, não poderia imaginar que o pai de seu filho pudesse reagir de uma forma tão preconceituosa como foi.
Gian saiu de casa, foi viver sua vida sozinho.
Giovanna procurou ajuda sozinha.  Lia livros, internet, tudo que pudesse conhecer mais sobre autismo. Foi bom para ela, pois ela sempre dava apoio ao seu pequeno Rafael.
Então decidiu contar para a família, pois todos perguntavam o motivo que havia ocasionado a saída de Gian de casa. Giovanna então contou para seus familiares. Ela pensou que iria encontrar apoio e solidariedade na família, mas não foi bem assim. Eles reagiram de uma maneira parecida com a de Gian e começaram a questionar o motivo que Rafael era daquele “jeito”. Para eles ele era um deficiente mental que jamais iria falar nada, que não ia conseguir estudar e que não ia viver uma vida normal. Todos criticavam sem mesmo saber o que era Autismo.                                
Giovanna foi para casa arrasada.
Algum tempo se passou e para sua surpresa desde aquele dia que contou para sua família que Rafael apresentava sintomas autísticos ninguém mais se aproximou deles, seus familiares começaram a rejeitá-la e ignoravam Rafael totalmente.
Gian não deu mais notícias, sumiu no mundo, ninguém sabia por onde ele andava.                                                  
 Giovanna se dedicou inteiramente ao seu filho. Durante o dia enquanto trabalhava teve que deixar Rafael em um colégio, pois não tinha com quem contar, estava sozinha no mundo com seu filhinho, mas em momento algum pensou em desistir. Começaram então vários tratamentos para Rafael, uma busca incessante rumo à sua melhora, uma pequena maneira que fosse de se comunicar, de se alimentar adequadamente, de se socializar, aceitar as pessoas, animais de estimação, ambientes diferentes, etc.
Foram anos de luta e vitórias. Alguns anos se passaram. Hoje Rafael está com 3 anos e meio e vou contar-lhes os progressos deste pequeno autista.
Foi fechado o seu diagnóstico, mas para nossa alegria muitos progressos foram notados em Rafael.
Foi muito difícil para Giovana cuidar de seu pequeno garoto sem o pai por perto, ela conta que a maior mágoa que ela carrega no coração foi quando lembra que o pai disse que era para se virar com o filho e que não iria sair por aí mostrando um filho deficiente mental, isso doeu e dói ainda muito nela. Mas o importante é que Deus deu forças para seguir com sabedoria e paciência.
Durante as crises que Rafael apresentava e ainda apresenta ela nos conta que são momentos difíceis, que ela  sente seu coração sofrendo, um sofrimento sem fim em ver em seus olhinhos um nervoso que nem ele mesmo consegue saber o motivo. E diz novamente que não é nada fácil ser mãe de um autista e se encontrar sozinha no meio da multidão. A família faz muita falta nesses momentos, como faz falta seu esposo que poderia estar ajudando nesses momentos, como é triste, ela conta.
Rafael ainda não fala, mas entende tudo o que acontece, ele freqüenta uma associação para crianças deficientes chamada Renascer, aqui na cidade de São José do Rio preto, onde recebe atendimento adequado e estímulos para se adaptar ao mundo, as pessoas e crianças.
Rafael já consegue se socializar com algumas crianças que          antes se isolava, consegue fazer contato visual que também antes não conseguia, consegue tomar mamadeira segurando sozinho, o que também só fazia com ajuda da mamãe...
Giovanna se sente uma vitoriosa, pois ultrapassou  todas as barreiras para fazer mais feliz seu pequeno príncipe.
A família percebendo a evolução de Rafael  voltou a se aproximar . Giovanna ficou muito feliz e disse para todos que o preconceito faz mal para quem é ofendido, mas é pior ainda para quem o faz.
Gian, seu esposo, se arrependeu e vendo seu filho crescendo voltou para casa e pediu perdão, disse que havia errado muito e que queria que Deus o castigasse por isso. Mas quando se arrepende verdadeiramente de seus erros uma nova chance deve ser dada. E assim foi feito, a família voltou a ficar feliz e reunida.
Agora eu digo, o preconceito entre familiares de autistas não leva a nada , não consigo entender o motivo que levou essa família a agir desta forma. Crianças autistas são crianças amorosas, meigas e delicadas. Tem sim momentos de crises, nervosos, repulsa e raiva, mas tem também os momentos de riso, de aplauso e felicidade.
São crianças perfeitas fisicamente, mas com campo cerebral comprometido, uns com mais e outros com menos, mas todos com uma coisa em comum, A sinceridade no olhar, o amor incondicional, a força que foi doada e a força adquirida em sua simples maneira de interpretar o mundo, a  maneira que engloba  o mais lindo e perfeito significado da palavra amor. Amor que acolhe, amor que perdoa, amor que se doa, amor que recebe de braços abertos quem já errou um dia.
 Ter um autista na família ou conviver com um autista, não é preciso preconceito, nem exclusão, mas sim uma palavra simples que já engloba tudo. O amor, que completa tudo e silencia todas as coisas ruins quando se abre espaço para receber esses pequenos anjos em nossa vida...Respeitando, e tendo sempre as palavras chave que é necessário para conviver com uma criança autista. AMOR, DEDICAÇÃO, PACIÊNCIA, CARINHO E RESPEITO. Ame com todo o seu coração sua criança autista, ela é o anjo que Deus te enviou para deixar sua vida com muito mais brilho, luz e para te fazer uma pessoa mais que especial. Para espalhar esse brilho por onde quer que passe. E transmitir a pureza dos sentimentos mais puros que Deus criou.
Com carinho
Daniela Bolzan
                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    

                

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