sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Nossa História. Autoria: Daniela Bolzan




Vou descrever nessas linhas um pouco da minha trajetória nessa vida.
Sempre tive uma vida muito alegre e feliz, já passei por problemas como todos passamos, já despenquei em barrancos e já atirei muitas pedras, mas também recebi muitas delas. Nada é um mar de rosas, todos nós passamos por desilusões,  amamos, choramos, sofremos e no final sempre sorrimos pois é depois que o terremoto passa em nossos corações é que conseguimos forças para consertar todo o estrago feito.  Não chamo isso de estrago, mas sim de aprendizado, este que vai nos levar para a mais sublime felicidade.
Aos 25 anos de idade, aconteceu uma grande surpresa em minha vida, não só na minha, mas na vida de todos que me rodeiam, uma gravidez inesperada. Todos ficamos muito felizes, mas com uma grande preocupação; Eu namorava há 7 Anos na época,  ficamos muito felizes com a chegada de um bebê nas nossas vidas.  Depois de um certo tempo  eu e o futuro papai nos separamos, começou um grande sofrimento nas nossas vidas, digo nossas, pois o pequeno bebê que estava feliz e seguro dentro de meu ventre não pôde deixar de sentir o meu sofrimento.
Minha gravidez foi muito traumática, com uso de medicamentos para segurar o bebê que queria nascer o mais rápido possível. Mas Graças A Deus tudo deu certo.
No dia 10 de maio de 2008 vêm ao mundo um pequenino, seu nome é Gabriel, o anjo de minha vida. Jamais vou esquecer o momento da minha cesariana em que o pai deste pequenino ficava acariciando o meu rosto para me tranquilizar enquanto os médicos faziam a  extraordinária retirada do meu pequeno de meu ventre. A imagem em que as enfermeiras me mostraram ele pela primeira vez, a emoção foi tao grande que jamais conseguiria expressar por palavras. Aquele chorinho fininho, e ao mesmo tempo forte dizendo "Mamãe e família , estou aqui, no mundo de vocês para trazer toda a alegria do mundo para os seus corações."
Foram momentos de muita alegria, ele nasceu saudável, forte e a felicidade reinava em todos que estavam ansiosos para conhecer nosso tão esperado anjo.
Um mês depois do seu nascimento, um grande susto tomou conta de nossa família, O pequeno Gabriel teve uma crise convulsiva, a qual o fez ficar internado por alguns dias. Ele iniciou uso de anticonvulsivante e foi controlada.
Meses se passaram e começamos a perceber alguns comportamentos diferentes em nosso pequeno príncipe, quando brincávamos com ele, ele simplesmente parecia não entender o que estávamos fazendo, Ele parecia distante, como se não fosse desse mundo. ele passava horas assistindo cocóricó e não se interessava por nada que estava acontecendo em sua volta.
Foi então que comunicamos o pediatra que ele fazia acompanhamento na época, e ele disse que isso não era nada, que podíamos ficar tranquilos, pois aqueles comportamentos eram dele mesmo.
A minha mãe (Eu moro com ela, pois sou solteira), começou a prestar atenção e quando o Biel estava com 10 meses ela disse que não era normal ele não prestar atenção em nada do que fazíamos, foi então que comecei a investigar o comportamento dele. O interesse exagerado por rodas estava nítido, tudo o que girava ele olhava fixo como se fosse a única coisa que existisse, vivia no mundo dele. Ele batia a cabeça na parede, e não olhava quando chamávamos ele nem pelo nome e nem de outra maneira.
Foi então que marcamos uma nova consulta com a neuropsiquiatra que cuidava dele pela convulsão e contamos tudo o que estava acontecendo. Nós começamos a imaginar que ele pudesse ser surdo, então a Dra. nos disse que esses sintomas eram sintomas de Autismo, mas que ainda era cedo para falar, e pediu o exame Bera para ver se tinha alguma anormalidade na audição.  Demorou um tempinho para retornarmos na Dra. com o resutado, pois foi muito difícil submetê-lo ao exame..
Estávamos preparando a incrível festa de aniversário de 1 aninho.
Quando chegou o dia da grande festa é que percebemos mais algumas coisas; Ao entrar no salão ele olhava fixo para as lâmpadas, não piscava ao olhar para elas, ele se comportou como se não estivesse ninguém no salão, chorava, ficava incomodado e nervoso, pois também ele não estava muito bem, as infecções de ouvido eram constantes. 
Ele engatinhava no salão, Houve momentos que parecia que não se importava com as pessoas ali presentes, e outros momentos que se incomodava exageradamente por estar ali.
Começamos a perceber que se chamava ele pelo nome, ele não olhava, mas se batíamos palma ele olhava na hora. Ficamos preocupados, chegamos a pensar que ele poderia ouvir determinados tipos de sons apenas.
Voltamos na consulta com a  Dra neuropsiquiatra e o resultado do exame Bera foi normal, então a médica nos disse que o que ele estava apresentando era sintoma de um quadro autístico. Eu me lembro que eu e minha irmã estávamos com ele na consulta e nós não sabíamos o que era autismo, foi então que ela nos indicou tratamentos para ele, pois disse que como ele era pequeno o resultado seria melhor.
Começou a busca incansável em livros, internet para sabermos o que era o autismo, foi então que ao ler os artigos, livros fomos percebendo que muitos dos sintomas que ele aprensentava na época era realmente de autismo.
Fomos dar a notícia para todos da nossa família, alguns sempre diziam que isso não era nada, outros entenderam perfeitamente e nos apoiaram. Muitos ficaram chocados.
Eu em momento algum me senti surpreendida com a notícia, pois antes mesmo de o Biel nascer eu sempre falava para o pai dele que teríamos um filho especial, eu já sentia, Deus nos escolheu para ser pais do mais sublime anjo que iluminaria nossas vidas, mesmo separados.
Fomos na escola do autista aqui em Rio Preto , onde funciona o caps cria, um lugar onde o governo oferece tratamentos sem custo para as crianças que necessitam. Eu não tinha condições de pagar os tratamentos, ainda mais solteira acabou se tornando mais difícil ainda.
Ele iniciou tratamento com terapeuta ocupacional, psicólogo e fisioterapia pois começou a andar na ponta dos pés.
Conforme ele foi crescendo começaram a ficar mais nítidos os sintomas. Os médicos iniciaram com medicação, risperidona, pois ele começou a ficar nervoso, se batia,, me batia e não podíamos sair com ele para nenhum lugar que ele estranhava o ambiente reagindo de uma maneira super triste, chorando e gritando, até que forçava vômitos, e assim que chegávamos em casa ele era outra criança, alegre e feliz. Ele não se socializava com as pessoas, não permitia que ninguém diferente o tocasse, e quando chamávamos pelo nome, ele parecia estar distante.
O que o acalmava era girar a roda do carrinho, e olhar para ventiladores, tudo o que gira ja faz parte do seu mundo.
Em seu aniversário de 2 Anos, não pudemos fazer festa, pois ele têm pânico do parabéns, têm um medo exagerado, Fizemos apenas um bolo para tirar umas fotos. 
Começamos então a perceber que , quando chegava muitas pessoas diferentes ele só ficava tranquilo quando saísse de perto com ele e fosse para um lugar tranquilo.
Foi então que ele começou a selecionar os alimentos, queria comer apenas o miojo de galinha e tem que ser da marca maggi, ele percebe se a marca for outra, não comia nada de diferente, e nem bebe nenhum tipo de suco. Foi entao que conversamos com a médica e ela disse que conforme a criança vai crescendo vão aparecendo os sintomas com mais precisão, pois é aos 3 anos que se fecha diagnótisco. Mas ela nos disse que não tinha dúvidas de que ele tinha autismo.
Ele começou a piorar, tinha crises constantes de choro, constantes infecções no ouvido, e durante essas crises que dava ele se batia jogava tudo o que tinha pela frente no chão, com uma força impressionante, Foi então que contamos para a médica e ela aumentou a dose do remédio para  1mg.
Decidi tirar ele do tratamento, póis não estava resolvendo nada.
Hoje ele está com 2 anos e 8 meses, ele toma  a medicação, pois os sintomas são muitos, ele não come nada de diferente, já consegui acrescentar o ovo e a batata no arroz e feijao, com mto caldo.  Foi preocupante pois ele comia apenas miojo, já que agora só come o arroz e feijao com ovo, e se oferecemos outra coisa a ele, ele empurra com uma força absurda a mão da gente,..
Ele tem crises direto, só Deus sabe como é difícil esses momentos de crises. mas nesse momento não temos como fazer nada, apenas cuidar para não se machucar, pois ele se bate muito e joga o que estiver na sua frente ao chão.
Ele apresenta também esterotipias , passa tempos olhando a mãozinha, girando rodas de carrinhos,  girando cds e andando na ponta dos pés.  Ele vive no mundo dele, da mesma maneira que eu disse no início que ele chorou de fortaleza quando nasceu, dizendo que estava chegando, agora eu digo que quando ele saiu do mundo de dentro do meu ventre para viver nesse nosso mundo ele já sofreu, mas nós não sabíamos que ele iria voltar ao mundo dele e que seria a gente que tentaria entrar em seu próprio mundo.
Ele ainda não olha quando chamamos pelo nome, olha quando quer,  e fica extremamente irritado quando não fazemos o que ele quer. Não fala absolutamente nenhuma palava, só emite sons, canta o tempo todo aaaaa e tititititi, mamamama e papapapa, adora correr, e pular do sofá no colo do pai, da tia e da minha mãe. 
Iniciamos um tratamento com ele em um lugar chamado ESPAÇO AUTISTA, onde ele esta melhorando e aprendendo de tudo, A pedagoga de lá diz que não tem dúvida alguma de que ele é autista.
É o nosso diamante... Ele está mais feliz. De vez em quando ele tem ciclos em que ele não vai com ninguém, não entra no carro de ninguém e individualiza uma única pessoa, geralmente eu ou minha mãe, pois somos nós duas que passamos a maior parte do tempo com ele.
No dia de hoje, o ciclo de baixos passou, ele está em um momento ótimo,  começamos a perceber que para não dar a crise nele em que ele se auto- agride, basta sairmos no entardecer, para algum lugar,
a saída no final da tarde ja faz parte de uma rotina dele, que se for quebrada, ele reage com muito nervosismo.
Ele vai na escolinha para socializar , ele adora ir na escola, já faz parte de sua rotina de vida.
Ele é feliz, nós o amamos demais. Com esse tratamento ele já está melhorando a parte de concentração, e se depender de sua pedagoga Dra Sabrina  eu tenho certeza de que ele vai ficar ótimo, pois ela é maravilhosa. O método de cartas que ela usa esta deixando ele feliz, e Tenho fé de que ele vai melhorar mais ainda.  Pois jamais temos que desistir e sim lutar sempre. É difícil, mas vamos tentar ser fortes para entender nossos pequeninos. Todos os profissionais que cuidam dele são muito especiais para mim, agradeço imensamente pelo carinho.
Os meus familiares, , meus tios primos e avós, que já começaram a perceber que tem um certo jeitinho para se aproximar dele, sempre tratando ele com muito amor e dedicação, Agradeço imensamente o amor que eles têm pelo nosso príncipe.
Agradeço também principalmente aos meus pais, que sempre me acolheram e me ajudam com uma dedicação incondicional.
Agradeço aos funcionários do Colégio Delphos que se desdobram para deixar o nosso pequenino sempre mais alegre e feliz. O amor que eles têm por ele lá é incomparável à qualquer colégio.
E o mais sublime de todos, Deus que sempre me dá força e nos dá o conforto que precisamos para superar os momentos difíceis de crises, mas ele jamais iria me dar um filho se eu não fosse capaz de suportar todas as tempestades. Graças a Ele tenho meus pais e irmã que me ajudam e estão sempre ao meu lado.
Essa é nossa história resumida, e lembre-se  de que, em momentos defíceis, que eu como mãe de um autista sei que existem e muitos, vamos tentar sempre manter a leveza do sentimento mais puro que acomete nossos corações, O AMOR QUE TEMOS POR ESSAS PRECIOSAS JÓIAS QUE DEUS NOS PRESENTEOU. Ser mãe de um autista ou ter um autista na família indica que Deus nos carregará sempre no colo em momentos de tristeza e sempre nos felicitará nos momentos de felicidade. E nos mostra que  no olhar vago de nossos pequeninos filhos, poderemos enxergar as mais belas palavras que com toda a certeza nos levará para mais perto de Deus.
Fomos escolhidos a dedo por Deus para ser pais desses anjos, portanto, se você teve essa notícia agora a pouco tempo, e ficou desnorteado, tranquilize-se pois Deus estará ao seu lado em todos os momentos. Os pais são tão especiais como os filhos especiais.
QUALQUER COISA SE PRECISAREM DE MIM PRA ALGUMA COISA, estarei sempre aqui, pronta para ajudar..
Fiquem Com Deus, a vida é assim mesmo, altos  e baixos, nossos pequenos precisam de amor, carinho e atenção, e muita paciêcia, pois só assim eles irão permitir que entremos no mundo dele.
Estou aqui para o que precisarem, podem me escrever:

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